Japonês ganha Ig Nobel por pintar listras no gado para reduzir picadas de moscas
BOSTON – Um grupo de 11 cientistas japoneses ganhou o Prêmio Nobel de Biologia na quinta-feira por seu experimento que mostrou que pintar listras de zebra em gado reduziu significativamente o número de moscas que pousavam nele.
A conquista, reconhecida em uma cerimônia em Boston, marca o 19º ano consecutivo em que pelo menos um cidadão japonês esteve entre os vencedores selecionados pela Annals of Unlikely Research, uma revista de humor científico que concede prêmios anuais desde 1991, parodiando os prestigiosos Prêmios Nobel.
A revista diz que os prêmios têm como objetivo homenagear descobertas científicas que "primeiro fazem as pessoas rirem, depois as fazem pensar". Dez desses prêmios são concedidos a cada ano por pesquisas surpreendentes em diversas categorias, e os vencedores deste ano também incluem estudos sobre as preferências de pizza dos lagartos e o impacto de sapatos fedorentos.
De acordo com um estudo japonês de 2019, a aplicação de um padrão listrado em preto e branco em vacas pode ajudar a reduzir as perdas econômicas associadas a ataques de moscas picadoras. Afastar as pragas deixa as vacas com menos tempo para pastar, se alimentar e se deitar, além de colocá-las em risco de ferimentos, com perdas resultantes para a produção de gado nos EUA chegando a US$ 2,2 bilhões anualmente, segundo o estudo.
Utilizando lacas aquosas em gado preto japonês, os pesquisadores observaram uma redução de até 50% nas picadas de moscas em animais que receberam listras brancas — criando o padrão zebrado — em comparação com aqueles que foram pintados ou não. O tratamento com listras pode ser uma alternativa aos pesticidas atualmente usados para afastar moscas do gado, observou o artigo de pesquisa, com benefícios para o bem-estar animal, a saúde humana e o meio ambiente.
Os organizadores do prêmio disseram que o estudo, intitulado "Vacas pintadas com listras semelhantes às de zebra podem evitar picadas de moscas", expandiu a pesquisa de uma equipe de cientistas da Hungria, Espanha, Suécia e Suíça, cujas descobertas sugerindo que moscas pousam com menos frequência em cavalos brancos ganharam o Prêmio Nobel de Física de 2016.
"Estamos profundamente honrados em receber este prêmio", disse Tomoki Kojima, membro da equipe que atualmente trabalha na Organização Nacional de Pesquisa Agrícola e Alimentar, na cerimônia, antes que outros dois membros o atacassem com moscas picantes em um esquete de comédia.
Kojima tirou o paletó, revelando uma camisa listrada de zebra e continuou seu discurso, agora livre de interrupções de moscas de adereços.
Entre outros prêmios concedidos este ano, o Prêmio da Paz foi concedido a cientistas por demonstrarem que o consumo de álcool pode, às vezes, melhorar a capacidade de falar uma língua estrangeira, enquanto o Prêmio da Aviação foi concedido por estudar se a ingestão de álcool prejudica a capacidade de voo dos morcegos.

