Os japoneses são religiosos?

Os japoneses são religiosos?

Um estudo recente do Pew Research Center descobriu que apenas 27% dos japoneses se identificam como religiosos. Esta é uma percentagem significativamente inferior à de qualquer outro país do mundo. Então, o que está por trás dessa tendência? E o que isso significa para o futuro do Japão?

Não há uma resposta única para esta pergunta, pois as crenças religiosas do povo japonês variam muito dependendo da sua personalidade. A religião é uma parte essencial da vida japonesa. No entanto, as pesquisas mostram que a maioria dos japoneses não se considera religioso e que a religião não é um fator importante na vida dos japoneses.

As práticas e tradições religiosas ainda estão vivas no Japão, estabelecendo uma continuidade perceptível com o passado. Tal como as provações no campo europeu, as estátuas do bodhisattva Jizô, protector de todas as passagens, incluindo as dos nados-mortos, são omnipresentes, mesmo na capital que já abarcou numerosas aldeias. Em residências, lojas, kamidana destinados a “espíritos” protetores xintoístas são muito comuns, assim como os altares budistas (butsudan), onde são guardadas as lápides mortuárias dos antepassados.

Mais de 60% dos japoneses afirmam ter um altar budista. Mesmo nos distritos comerciais mais modernos, é muito comum frequentar templos budistas ou santuários xintoístas para uma breve oração e uma oferenda. Uma cerimónia tradicional xintoísta é praticada regularmente antes da construção de um edifício e, para afastar o infortúnio ou purificar um local, são utilizados ritos de exorcismo. Em alguns templos, esses ritos também podem ser usados ​​para “lançar um feitiço” sobre uma pessoa prejudicial.

Acontecimentos importantes da vida ainda são muitas vezes realizados no templo, um santuário xintoísta para o casamento ou a apresentação de filhos, um templo budista para tudo o que está relacionado com a morte. Neste último caso, porém, o custo das cerimónias, os principais recursos das comunidades religiosas, o êxodo rural e a desagregação das famílias reduzem significativamente as práticas tradicionais ligadas ao registo há muito imposto de linhagens familiares num templo budista.

Mas se o divino aparece em toda parte, são as práticas rituais e as superstições que prevalecem sobre a adesão a uma única crença. Numa espécie de sincretismo não formalizado, os japoneses podem ser tanto budistas, Xintoístas, respeitoso do culto aos antepassados ​​e – se fosse possível – cristão. A popularidade das cerimónias de “casamento” em capelas não consagradas é testemunho disto. Importado da China via a península coreana em VIe século, o Budismo teve um impacto profundo na história e cultura japonesa e 75% dos japoneses se declaram – entre outras coisas – budistas.

O Budismo está dividido em múltiplas seitas, algumas recentes como o Budismo. soka gakkai, criado em 1930, cujo crescimento muito rápido após a Segunda Guerra Mundial resultou na criação em 1964 de um partido político de centro-direita, o Kômeitô. Desde 1999, Kômeitô, cujas posições pacifistas limitam a margem de manobra do governo em questões de defesa, faz parte de coligações governamentais com a maioria do Partido Liberal Democrático (PLD).

Embora o seu público seja muito limitado – menos de 1% da população – o cristianismo também está presente no Japão, dividido quase igualmente entre católicos e protestantes. Introduzido em 1549 pelos jesuítas portugueses que fundaram Nagasaki, reduzido às práticas de cristãos escondidos após a sua proibição, fragilizado pela crucificação de vinte e seis mártires em 1597 e pela expulsão dos missionários em 1614, o catolicismo, novamente autorizado desde o final do XIXe século e a liberdade religiosa estabelecida durante a era Meiji, é praticada por menos de 0,5% da população japonesa, muitas vezes das classes ricas. No entanto, a sua influência continua significativa através de instituições de ensino reconhecidas, como a Universidade Sophia, fundada em 1913 pelos Jesuítas.

Embora a maioria dos japoneses não se considere religioso, a religião ainda desempenha um papel importante nas suas vidas. Isto pode ocorrer porque a religião traz conforto e um senso de comunidade ao povo japonês. A religião também desempenha um papel nas cerimônias e festivais tradicionais.

Concluindo, embora a maioria dos japoneses não seja religiosa, a religião continua a ser uma parte importante das suas vidas. A religião traz conforto e senso de comunidade ao povo japonês e desempenha um papel importante nas cerimônias tradicionais e na vida diária.