Japão e Brasil concordam em proteger conjuntamente a floresta amazônica
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, e o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, concordaram na sexta-feira em intensificar os esforços para combater as mudanças climáticas, incluindo o fortalecimento da proteção da floresta amazônica.
Durante as conversações em Brasília, Kishida e Lula assinaram um acordo abrangente de cooperação sobre descarbonização e outras questões ambientais.
O acordo da Iniciativa de Parceria Verde fornece contribuições financeiras e assistência para a regeneração de terras agrícolas degradadas para prevenir a desflorestação e promover a agricultura sustentável.
Após a reunião, Kishida disse em coletiva de imprensa conjunta com Lula que o Japão “daria uma contribuição para alcançar a neutralidade de carbono no mundo”. Lula pediu mais investimentos em empresas de energia limpa, dizendo que as mudanças climáticas são um problema sério.
O Japão procura aprofundar as suas relações com os países emergentes e em desenvolvimento, colectivamente apelidados de Sul Global, e o Brasil é visto como um actor-chave entre eles, ao lado da Índia e da Indonésia.
O primeiro-ministro disse que o Japão está pronto para trabalhar com o Brasil, que este ano preside o Grupo das 20 principais economias, para resolver questões globais.
O Brasil deverá sediar a 30ª sessão da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, conhecida como COP30, em 2025. Lula está ansioso para tomar medidas para salvar a floresta amazônica, muitas vezes chamada de “pulmão do mundo". Terra. »
Kishida ofereceu na sexta-feira a cooperação do Japão nos esforços para proteger a floresta tropical na região norte da Amazônia, incluindo uma contribuição para um fundo para esse fim.
Os líderes concordaram em fazer esforços para incentivar medidas de descarbonização, como projetos conjuntos utilizando tecnologia de biocombustíveis do Brasil e motores híbridos do Japão, segundo o Itamaraty.
Kishida e Lula também concordaram em cooperar mais estreitamente nas áreas de defesa e segurança cibernética, bem como na reforma do Conselho de Segurança da ONU, segundo comunicado separado.
Partilharam preocupações sobre a situação em torno da invasão russa da Ucrânia e do conflito entre Israel e o grupo militante Hamas.
Ambos os líderes enfatizaram a importância dos intercâmbios interpessoais entre seus países para impulsionar as relações bilaterais, com o ano passado marcando o 115º aniversário do início da imigração japonesa para o Brasil.
Cerca de 2,7 milhões de pessoas de ascendência japonesa vivem no Brasil, a maior comunidade fora do Japão, enquanto o Japão abriga a quinta maior comunidade brasileira, totalizando mais de 210 mil pessoas, segundo o comunicado.
Mais tarde na sexta-feira, Kishida e o presidente paraguaio, Santiago Pena, reuniram-se em Assunção e disseram compreender que as tentativas unilaterais de mudar o status quo pela força são inaceitáveis num momento em que a China está a aumentar a sua pressão militar sobre Taiwan.
Numa conferência de imprensa conjunta após a reunião, Kishida chamou o Paraguai de um importante parceiro que partilha valores fundamentais como a liberdade, a democracia e o Estado de direito, e prometeu levar a amizade e a cooperação com este país latino-americano a “novos patamares”.
Pena disse esperar avançar ainda mais na cooperação ampliada com o Japão e discutiu as relações diplomáticas de seu país com Taiwan.
O Paraguai é o único país sul-americano a manter relações diplomáticas com Taiwan e não com a China. Taiwan e China separaram-se em 1949 devido à guerra civil e têm sido governadas separadamente desde então.