Primeiro-ministro japonês quer ver "progresso específico" nas próximas negociações tarifárias dos EUA
O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, disse na sexta-feira que queria ver "progresso específico" nas negociações tarifárias bilaterais com os Estados Unidos, já que a próxima rodada de negociações ministeriais é esperada para o final de abril.
Ishiba disse que entendeu que a primeira rodada de negociações recém-concluída foi "franca e construtiva", após um briefing direto do negociador-chefe do Japão, Ryosei Akazawa, que havia acabado de retornar de Washington.
"Pedi (a Akazawa) que acelerasse os preparativos e a coordenação dentro do governo para que possamos fazer progressos específicos na próxima rodada de negociações", disse Ishiba aos repórteres.
Em Washington, Akazawa se encontrou com o presidente dos EUA, Donald Trump, e negociou com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, o secretário do Comércio, Howard Lutnick, e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer.
O Japão pediu aos Estados Unidos, seu aliado próximo, que repensassem suas medidas tarifárias, questionando se elas estão alinhadas às regras da Organização Mundial do Comércio e a um pacto comercial bilateral.
Os impostos mais altos dos EUA sobre importações como carros, aço e alumínio, bem como a chamada tarifa recíproca, aumentaram seu impacto potencial na economia japonesa, voltada para a exportação.
Akazawa disse que a decisão de Trump de se reunir com ele indica que os Estados Unidos estão ansiosos para chegar a um acordo rapidamente. A rodada inicial de negociações lhe deu uma ideia aproximada dos principais "temas" para o lado americano.
Trump disse à delegação japonesa que queria reduzir o déficit comercial dos EUA a zero, disse uma fonte do governo japonês, citando-o como tendo expressado frustração com o fato de carros e produtos agrícolas americanos estarem entrando no Japão.
De acordo com dados do governo japonês, o país teve um superávit comercial de cerca de 9 trilhões de ienes (US$ 63 bilhões) com os Estados Unidos, um de seus principais parceiros comerciais com a China, no final do ano, em março. As remessas relacionadas aos EUA atingiram um recorde de 21 trilhões de ienes, com carros entre os principais itens exportados.
"Tudo o que posso dizer é que continuaremos a negociar com flexibilidade, levando em consideração o que for melhor e mais eficaz do ponto de vista dos interesses nacionais", disse o Ministro da Revitalização Econômica em uma entrevista coletiva.
"Como acontece em todas as negociações, nada está acordado até que tudo esteja acordado", disse Akazawa, acrescentando que buscará um acordo "ganha-ganha" tanto para o Japão quanto para os Estados Unidos.
As negociações podem se arrastar se ambos os lados abordarem questões de defesa e taxa de câmbio, dizem analistas, já que Trump vê o pacto bilateral de segurança como "unilateral" e um dólar forte como problemático.
Ishiba disse que ainda há uma "lacuna" entre o Japão e os Estados Unidos em termos de posições gerais.