Chefes financeiros do G20 não emitem declaração conjunta em meio à guerra na Ucrânia

Chefes financeiros do G20 não emitem declaração conjunta em meio à guerra na Ucrânia

Os chefes financeiros do Grupo dos 20 das economias avançadas e emergentes não conseguiram emitir na quinta-feira uma declaração conjunta em meio a divergências sobre a guerra da Rússia na Ucrânia e o conflito Hamas-Israel.

A invasão da Ucrânia pela Rússia pôs em evidência uma profunda divisão dentro do G20, entre a Rússia e a China, por um lado, e os países ocidentais que impuseram sanções a Moscovo, por outro.

O Brasil, que detém a presidência do G20 este ano, divulgou um resumo do presidente concluindo os dois dias de negociações, mencionando em nota de rodapé que o fórum financeiro não é o local apropriado para discutir questões geopolíticas.

Não é a primeira vez que o grupo não consegue emitir uma declaração conjunta, embora os chefes financeiros o tenham feito depois de chegarem a um consenso na reunião anterior, no ano passado.

“Muitos países condenaram veementemente a invasão russa e o ataque terrorista do Hamas (contra Israel) e expressaram preocupação com a alarmante crise humanitária em Gaza”, disse Masato Kanda, vice-ministro das Finanças para os Assuntos Internacionais, durante uma conferência de imprensa.

“Dadas as graves consequências negativas da invasão da Ucrânia pela Rússia na economia global, o Japão acredita que esta questão deve ser abordada pelo G20”, disse ele. Kanda participou da reunião em nome do Ministro das Finanças, Shunichi Suzuki, que permaneceu no Japão para as deliberações da Dieta.

Para além das divergências geopolíticas, os ministros das finanças e os governadores dos bancos centrais do G20 partilharam a opinião de que a economia global está a caminhar para uma "aterragem suave", o que significa que uma recessão provavelmente será evitada, de acordo com Kanda.

O resumo do presidente destacou as guerras, os conflitos, as divisões económicas e o proteccionismo comercial como riscos negativos para a economia. Manteve os seus compromissos existentes relacionados com as taxas de câmbio.

Apesar do abrandamento do crescimento, a economia global conseguiu até agora evitar uma temida recessão, após subidas agressivas das taxas de juro em grandes economias como os Estados Unidos e a zona euro e problemas imobiliários na China.

O G20 defendeu que as taxas de câmbio deveriam reflectir os fundamentos económicos, sublinhando que movimentos voláteis e desordenados teriam um impacto negativo na economia global.

O Brasil priorizou o combate à desigualdade e a criação de um mundo sustentável e justo.

Na reunião de chefes das finanças, o Ministro das Finanças brasileiro, Fernando Haddad, apelou a uma tributação mais justa visando os muito ricos.

O grupo é formado pelo Grupo dos Sete – Grã-Bretanha, Canadá, Alemanha, França, Itália, Japão, Estados Unidos e União Europeia – além de Brasil, Rússia, China, Índia e Arábia Saudita, entre outros.