Autoridades esportivas japonesas devem bloquear voyeurismo direcionado a atletas

Autoridades esportivas japonesas devem bloquear voyeurismo direcionado a atletas

Mais da metade dos órgãos esportivos do Japão tomaram medidas contra a captura e compartilhamento não consensual de imagens sexualizadas de atletas, descobriu uma pesquisa da Agência Esportiva do Japão.

Na quarta-feira, já se passaram quatro anos desde que o Comitê Olímpico Japonês e sete outras organizações esportivas emitiram uma declaração conjunta sobre o assunto. Das 126 organizações inquiridas entre Abril e Junho, 62 das 113 que responderam afirmaram estar a implementar contramedidas.

Muitos tomaram medidas activas nos locais, tais como designar áreas específicas para fotógrafos e emitir licenças, bem como pedir ao pessoal do evento e aos guardas de segurança que monitorizem os espectadores.

Quarenta e duas organizações também criaram escritórios de consulta e notificação para atletas.

A Federação Japonesa de Judô proibiu a realização ou uso de vídeos ou fotos que pareçam ter a intenção de assediar atletas ou manchar suas reputações.

A Associação Japonesa de Para-Vôlei proibiu o uso de teleobjetivas sem autorização e publica avisos lembrando aos espectadores que não postem fotos que enfatizem o corpo dos atletas, principalmente o das mulheres, que não têm nada a ver com esporte ou competição.

A Agência Esportiva do Japão compilou uma lista de problemas que ocorreram durante a correção desse problema. Estas incluem a dificuldade de prevenir a fotografia ilícita em locais grandes e movimentados e de identificar equipamentos fotográficos cada vez mais miniaturizados.

Julgar se vídeos ou fotos são tirados por motivos inescrupulosos é outra dor de cabeça.

Uma nova lei anti-voyeurismo foi promulgada no ano passado, mas não se aplica a atletas que usam roupas esportivas devido à dificuldade de determinar qualquer intenção sexual daqueles que capturam imagens. Há, no entanto, fortes apelos para mudar a lei.

Algumas entidades desportivas que ainda não agiram citaram a falta de recursos humanos. Um funcionário de uma agência desportiva instou as organizações a “começarem com tudo o que puderem”, pois só isso “já seria de alguma forma capaz de proporcionar aos atletas alguma sensação de segurança”.

A conscientização sobre o tema aumentou em geral nos últimos anos, como evidenciado pela equipe alemã de ginástica artística vestindo um macacão completo para enviar uma mensagem nas Olimpíadas de Tóquio em 2021.

A fabricante de artigos esportivos Mizuno Corp. desenvolveu um material para suas roupas que elimina fotos ilícitas tiradas com câmeras infravermelhas antes das Olimpíadas de Paris. Lá, as equipes japonesas femininas de vôlei, tênis de mesa e hóquei usaram a tecnologia em seus uniformes.

O secretário-geral do JOC, Mitsugi Ogata, acredita que “é necessário um envolvimento ainda maior” nesta questão.

“Devemos combater este caso não só alterando a lei, mas também criando um departamento especializado no combate ao cibercrime e ao voyeurismo”, afirmou a advogada Sakura Kamitani.