Foto/Ilustração

Estudante de Nara transforma hobby de comer insetos em negócio

NARA–O hábito de Kazuki Shimizu de comer bichos assustadores enfurecia sua mãe, mas também o inspirou a seguir uma carreira empresarial que pudesse ajudar a resolver problemas sociais por meio da entomofagia.

Acreditando que os insetos têm um gosto bom, ele promove seu consumo como uma forma de combater a escassez global de alimentos.

Shimizu, 26, de Ikaruga, na província de Nara, é presidente da Products of Innovation (POI), uma startup sediada em Nara na Universidade Kindai.

Atualmente, ele está matriculado na Escola de Pós-Graduação Transdisciplinar em Inovação Social e Empreendedorismo da universidade, no campus de Higashi-Osaka.

Seu apetite por insetos começou quando ele estava no segundo ano do ensino médio.

Seu professor de ciências trouxe "inago no tsukudani" (gafanhotos "inago" de chifres curtos cozidos em molho de soja e saquê "mirin" doce) como lembrança da Prefeitura de Nagano.

Quando Shimizu deu uma mordida cautelosa, ele percebeu que era macio, doce e salgado, com gosto de camarão ou enguia-areia.

Essa experiência deliciosa mudou radicalmente sua visão sobre insetos.

Ele comprou larvas de farinha em uma loja de peixes tropicais, fritou-as em uma panela em casa e temperou-as com sal.

Quando ele os comeu, estavam crocantes e pareciam pipoca. Ele não teve problemas de saúde por causa dos bichos-da-farinha fritos.

Mas sua mãe, furiosa, disse-lhe para parar de comer os vermes porque as pessoas poderiam pensar que ela não estava alimentando seu filho adequadamente.

Certa manhã, ele secretamente cozinhou larvas de farinha e levou a comida para a escola.

Quando ele ofereceu as minhocas aos seus colegas, chamando-as de "doces", pelo menos 10 crianças as comeram.

Ele se tornou viciado em insetos depois de experimentar "hachinoko no tsukudani" (larvas de abelha cozidas em molho de soja e mirin) dado por seu professor de biologia.

Shimizu costumava escalar montanhas para procurar e comer insetos, incluindo gafanhotos, cigarras, libélulas e louva-a-deus.

Toda vez que ele pegava um inseto, ele o colocava na boca sem pensar muito.

Embora cada inseto tenha seu próprio gosto, ele lembra duas espécies que tinham um gosto realmente ruim.

Uma delas era uma joaninha, que tinha um gosto amargo, como se fosse extraída de folhas.

"Acho que quanto mais manchas eles têm nas costas, mais amargo é o sabor", disse ele.

O outro era uma formiga-leão venenosa.

"Se eu tivesse que comparar com alguma coisa, o gosto era parecido com o cheiro de inseticida saindo pela narina", disse ele.

TORNE-SE UM 'BUGTUBER'

Quando Shimizu estava no segundo ano da Faculdade de Agricultura da Universidade Kindai, ele atendia pelo nome de "Kontuber Kazuki" (BugTuber Kazuki) e começou a compartilhar vídeos de si mesmo cozinhando e comendo insetos.

No terceiro ano, ele desenvolveu seu primeiro produto comercial: café misturado com pó de grilo.

A experiência de promover e vender o produto o fez perceber o prazer de agregar valor por meio de suas próprias criações.

Nessa época, ele começou a pensar em transformar seu hobby em um negócio.

Ele tirou uma licença temporária de seus estudos de pós-graduação para lançar uma campanha de financiamento coletivo e promover seu segundo produto: bolinhos gyoza feitos de grilos em pó.

Uma empresa na província de Gunma que está pesquisando seda para uso em novos produtos perguntou a Shimizu se ele estaria disposto a aprender mais sobre o setor.

Para sua surpresa, ele foi escolhido para se tornar o diretor da empresa.

Durante cerca de 18 meses, Shimizu acumulou diversas experiências e desenvolveu outro produto alimentício derivado de insetos.

“Siruku Pan” (pão de seda) é feito de uma proteína encontrada nos fios de seda do bicho-da-seda.

Depois de se reinscrever na pós-graduação e receber apoio da Universidade Kindai, Shimizu fundou a startup porque acreditava que havia um limite para o que ele poderia fazer como indivíduo.

Basicamente, ele precisava construir um negócio para ganhar confiança para seus produtos.

A POI foi fundada em junho de 2023 com um capital de 300.000 ienes (US$ 2.000).

Shimizu é o presidente e único funcionário.

Sua principal atividade é o planejamento, desenvolvimento e comercialização de alimentos à base de insetos. A produção é subcontratada a um fabricante.

Atualmente, a POI oferece cerca de dez produtos.

Suas vendas são decentes, mas o presidente disse que seu foco atual é promover a empresa e estimular a demanda.

"Não basta esperar que venda", disse Shimizu. "Quero fazer produtos com garantia de venda."

Ele concluirá seu mestrado na escola de doutorado na próxima primavera.

Para mais detalhes, visite o site do POI em (https://poi-global.com/).